porta entreaberta

mariamiriam.portaentreaberta@gmail.com

Nome:
Localização: Viana do Castelo, Portugal

sábado, março 24, 2007

Uma cidade de Trás-os -Montes

A minha primeira impressão da cidade de Vila Real foi marcada pelo frio. O primeiro dia foi um dia de Dezembro. Vila Real é uma cidade fria mas ela é aquecida pelos rostos, pelas palavras e pelos gestos. Os Vila-realenses são hospitaleiros. E, por isso, obrigada… Obrigada a quem, conhecendo este lugar, desconhecido por mim, o quis mostrar e contar.
Nesse primeiro dia na cidade, vi uns objectos escuros expostos para venda nas margens de algumas ruas. Pensei que estes eram feitos de ferro. Mas, disseram-me mais tarde, estes vasos, bonecos e outras figuras, são obras de um trabalho sobre o barro negro da região.
O distrito é marcado por cores diferentes. Porque há o preto do barro, e também há o verde das predominantes serras e das predominantes escarpas. As serras erguem-se alto e em alguns sítios afundam-se em brechas. É numa dessas brechas que o rio corgo quase se deixa engolir. Um rio estreito, com pouca água e cravado bem no fundo. Do verde, são senhores o Alvão e o Marão. Serras que escondem riachos, cascatas, lagos, arvoredos, em aldeias cheias de natureza, como Lamas de ôlo.
Vila Real tem o cemitério mais bonito. Disse-mo o Rui. O Rui foi, algumas vezes o guia amador da cidade. E porque é bonito? Porque tem cedros misturados com as cruzes e fica sobranceiro ao rio. Se quisermos ver o quanto fica alto sobre o rio, ou sobranceiro em relação ao mesmo, se quisermos fotografar e guardar a imagem para criar um postal bonito, caminhamos 1 km até aos arredores da cidade e, junto à ponte velha antes de se entrar em Parada de Cunhos, conseguimos obter o que pretendemos.
Em Vila Real encontramos uma obra do estilo barroco, concebida por Nicolau Nasoni. O Palácio de Mateus reflecte-se na água do lago esverdeado. O conjunto do monumento e do seu reflexo torna a obra ainda mais bela. O palácio de Mateus é a morada da Fundação Casa de Mateus, impulsionadora de muito ricas actividades culturais. E é, também, um símbolo de nobreza, que se empresta ao rótulo e se deixa transportar pelo rótulo, de um dos vinhos das uvas da Região do Douro, o Mateus Rosé.
Vila Real faz parte, como todo o resto do Trás – os – Montes, do Reino Maravilhoso de Miguel Torga. Encontramos referências a Miguel Torga, nomeadamente através de um prémio literário. E encontramos a Casa de Diogo Cão, o navegador português.
Ainda não está concluída a minha estadia em Vila Real. Mas está muito próximo o dia em que levarei as peças que tenho no meu espaço alugado, algumas mobílias, as louças, as roupas. Ficarei feliz por regressar a casa, e guardarei a cidade e os laços com as pessoas.
Para talhar o último dia, prometeram-me um joelho da porca e umas cristas de galo. E com sabores regionais ficará completo este capítulo da minha vida.

4 Comments:

Blogger Mike said...

Peço desculpa, antes de mais, por esta chamada de atençao:
O Mateus Rosé não é vinho do Douro nem sequer é lá produzido. É produzido, salvo erro, na região das Beiras, com uvas de diversas proveniências.

25/3/07 18:22  
Blogger Maria Miriam said...

O Mateus Rosé foi, originariamente, produzido a partir de uvas da região do Douro. Entretanto, a empresa proprietária deste e de outros vinhos adquiriu diversas quintas localizadas em diferentes zonas de Portugal, nomeadamente no Alentejo. A história que circula entre os Vila-realenses é a de uma certa confusão que aconteceu ,à uns anos, em relação ao nome Mateus Rosé, às uvas do Douro e às uvas, salvo erro,do Alentejo. Não sei mais pormenores sobre essa confusão. Fui tentar perceber a versão verdadeira. O site da empresa www.sogrape.pt diz-nos que o vinho Mateus Rosé é feito a partir das uvas da região do Douro.

Os teus comentários ou observações são sempre bem vindos.

27/3/07 17:45  
Blogger Mike said...

Sem querer ser insistente, volto a este assunto, apenas porque tenho já informação mais precisa, obtida através de fonte fidedigna. O Mateus Rosé é elaborado no centro de vinificação da Bairrrada, com uvas de várias proveniencias. Apenas não me conseguiram confirmar se a proveniência das uvas é interna ou internacional.
Não consegui descobrir a mesma informação que mencionas no site deles, mas uma das castas que eles referem na concepção de Mateus não é do Douro. A casta Baga produz-se na bairrada.
No entanto isto tudo são preciosismos. O post está muito bem escrito.

28/3/07 11:00  
Blogger Maria Miriam said...

Pelo que me foi dado a perceber, há uma certa verdade em ambas as versões. Ficam as notas sobre o assunto…
Obrigada!

Nota ao meu primeiro comentário: onde está 'à uns anos', deve estar 'há uns anos' :)

1/4/07 11:59  

Enviar um comentário

<< Home