Rio Alcabrichel
O hotel assoma à colina, sobejo sobre o mar e sobre o rio, tocados estes através de uma desembocadura afogueada. À sua volta, há um campo cuja verdejância amaina a vista e finda nos sulcos de um rosto solitário. De resto, num verde mais fusco, existem as árvores curvas com os seus tentáculos pousados sobre a água do rio, a mimarem a têmpera; o sol que arreia sobre as pernas, estiradas ao alto para o remanso revezado; a ausência das pessoas, que se arredam desta cor nostálgica, que não crêem no reflexo das águas ou que não toleram abandonar a praia, lá ao fundo; e, por fim, os edifícios erguidos na foz, apoucados pela distância, e a vacuidade dos ruídos artificiais que consentem esta ária. Estamos no rio Alcabrichel, no Vimieiro, navegamos em direcção à sua nascente, numa gaivota sem asas, e a civilização em bulício esmorece na retaguarda das escarpas quietas e enigmáticas.
2 Comments:
Lindo o texto! Como é hábito.
Beijos
Obrigada Pitucha :)
Bjs
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